Detalhes sobre a cidade de Camacan
Uma das famílias de Canavieiras que buscavam novas terras para o plantio de cacau, foi a de Leandro Ribeiro. Na realidade, a iniciativa de incursão na mata não foi do próprio Leandro, mas dos seus filhos e netos, nos últimos anos do século XIX. Do casamento com sua esposa, Felipa, o casal teve alguns filhos, entre eles João Elias Ribeiro. Nascido na fazenda Lagos, em Canavieiras, João Elias acompanhou o processo de expansão da cacauicultura e, mais ainda, experimentou as devastações provocadas pelas cheias do Pardo na propriedade de sua família. João Elias Ribeiro, sentindo a necessidade de melhores terras para expansão do cultivo de cacau da sua família, organizou uma expedição para o final do ano de 1888, e início de 1889, aproveitando assim o verão e as melhores condições do clima. O objetivo dessa empreitada era reunir 15 homens para subir de canoa o Rio Pardo até a confluência do Rio Panelão, semeando algumas sementes de cacau naquelas terras mais elevadas, protegidas de enchentes. Porém, João Elias Ribeiro adoece no período da expedição e transfere o comando desta para seu filho mais velho, Manoel Elias Ribeiro, que tinha apenas 19 anos em 1888. Para acompanhá-lo, pede a seu outro filho, Antonio Elias Ribeiro, com 16 anos, que embarque junto com o seu irmão e os outros 15 homens nessa jornada.
A marcha dura pouco mais de trinta dias, e os expedicionários retornam à Fazenda Lagos com o sentimento de êxito. Em 1894, João Elias Ribeiro com a saúde recuperada, retorna com seus dois filhos, Manoel e Antonio, para verificar os resultados da primeira incursão. Comprovada a fertilidade das terras, a família Ribeiro abre a primeira roça de cacau nesta região, exatamente na confluência do rio Panelão com o rio Panelinha – local que viria se chamar posteriormente de ‘Vargito’, por conta das vargens (várzeas) características desta localidade.
Habitantes do território: os Kamakã
É preciso lembrar que, no caso de Camacan, no período anterior à chegada dos plantadores de cacau, a área era habitada pelos índios da etnia Kamakã, de acordo com a tradição oral e a memória oficial do município. O pesquisador João da Silva Campos (1981) confirma a vertente de que os Kamakã residiam neste local. É deste grupo étnico que se originou o nome da cidade, alguns anos depois. A força da economia cacaueira foi significativamente superior diante de povos como os Kamakã, que por se colocarem no caminho da propriedade e da monocultura dos cacauais, foram vítimas da depredação cultural e do extermínio.
Povoamento do ‘Vargito’: o nascimento de Camacan
Em 1914, a devastação provocada pelas cheias do rio Pardo marcou um novo fluxo migratório para o ‘Vargito’. Novas famílias dirigiam-se até a região para plantar cacau e, consequentemente, iam circunscrevendo a área povoada apenas naquela localidade. A localização geográfica de Camacan foi um pouco afastada do ‘Vargito’ e, só mais tarde, ocorreria o seu povoamento. Relatos orais levam a crer que o Doutor João Vargens cedeu parte da propriedade Fazenda Camacan para que fosse formado o núcleo urbano. Entre os anos de 1920 a 1940 começa o desenvolvimento e a sedimentação do plantio de cacau no território de Camacan. Apesar das dificuldades recorrentes, famílias de Canavieiras e de outras localidades expandiram suas plantações para terras cada vez mais distantes e férteis. No final da década de 1940, o local despontava como promissor. Contudo, as autoridades canavieirenses não demonstravam muito interesse no desenvolvimento urbano de Camacan. A partir de 1953, com a elevação à distrito de Canaveiras, a revolta contra a administração municipal ganhou força, uma vez que aqui não havia água encanada, calçamento e rede elétrica. Camacan possuía nada mais que poucas casas de madeira. O censo demográfico realizado em 1960 pelo IBGE já apontava Camacan com 19.698 habitantes.
Mais detalhes sobre Camacan