Detalhes sobre a cidade de Manaquiri
Escrito por:Werlem Dih'Em 1849, o cientista britânico Alfred Russel Wallace passou dois meses em Manaquiri, fazendo pesquisas sobre peixes, insetos, aves e mamíferos, como ele mesmo narra no seu livro Viagens pelos rios Amazonas e Negro, tradução brasileira do original inglês A Narrative of Travells on the Amazon and Rio Negro, with an Account of the Native Tribes, and Observations on the Climate, Geology, and Natural History of the Amazon Valley.
Naquele tempo, meados do século XIX, Manaquiri era apenas uma pequena fazenda do português Antônio José Brandão, que ali criava animais de grande e de pequeno portes, cultivava fumo e cana-de-açucar, e produzia todo tipo de frutas tropicais, como goiaba, banana, laranja e muitas outras.
Ele era casado com uma mestiça, neta do chefe manau Comadri, de Mariuá, havida por uma filha desse cacique com um português da tropa do governador do Pará, Francisco Xavier Furtado de Mendonça, que fora a Mariuá estabelecer a vila que seria sede da Capitania de São José da Barra do Rio Negro. O governador escolheu Mariuá, cujo nome alterou para Barcelos, atendendo às determinações do Diretório dos Índios, proposta do seu irmão Marquês de Pombal, e aprovado por alvará de 1758. Este documento legal determinava, entre outras providências, a mudança dos nomes de aldeias e vilas de língua indígena para a portuguesa.
Durante a chamada Cabanagem, revolução que se iniciou no Pará e se estendeu até o alto Amazonas, os índios vizinhos de Antônio José Brandão, com quem se davam bem, foram aliciados pelos cabanos, atacaram a fazenda, chacinaram quase todos os empregados, mataram os animais e incendiaram a casa de moradia. Sua família não foi trucidada porque logrou esconder-se na floresta, durante três dias, até que conseguiu sair para a Barra do Rio Negro, como se chamava Manaus, naquele tempo.
Antônio José Brandão reconstruiu sua fazenda, mas não refez sua casa-grande, por desgosto. Pai de doze filhos, ele era sogro de Henrique Antony (nome de rua em Manaus), casado com Leocádia Brandão Antony, de quem descende toda a família Antony, do Amazonas; e, também, de Alexandre Paulo de Brito Amorim, português de Arco de Valdevez, casado com Amélia Brandão de Amorim, o qual, como Vice-Cônsul, foi o primeiro representante consular do governo português em Manaus, de 1854 a 1873, e um dos fundadores da Associação Comercial do Amazonas.
Em 1866, Alexandre Paulo de Brito Amorim constitiu a Companhia de Navegação do Alto Amazonas, que obteve concessão para explorar as linhas dos rios Negro, Purus e Madeira, a partir de Manaus.
Na capital amazonense, existe, em sua homenagem, a Rua Alexandre Amorim. Ele foi o pai de Antônio Brandão de Amorim, tupinólogo, autor do livro Lendas em Nheengatu e em Português, publicado originalmente pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1928, e, depois, em 1987, pela Associação Comercial do Amazonas.
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